sexta-feira, 6 de março de 2009

Extensão Norte do Centro de Saúde de Évora - João Modas + Ricardo Lucas


A Extensão Norte do Centro de Saúde de Évora pretende ser uma resposta da Administração Regional de Saúde às carências existentes actualmente na cidade de Évora ao nível da prestação dos serviços de saúde. Pretende também dotar a zona Norte da cidade de um equipamento que venha a responder ao crescimento urbano e populacional previsto naquela zona de expansão de Évora.

Localizado junto à muralha que delimita o centro histórico de Évora, o edifício está inserido numa zona de expansão projectada que prevê a construção de diversos equipamentos (zona comercial; universidade; parque urbano) em convivência com áreas habitacionais e de serviços.


De modo a contribuir, na sua cota parte, para um espaço urbano de qualidade e sobretudo vivível, o centro de saúde "abre" o seu espaço exterior ao uso público. Desta forma todo o interior do terreno é acessível ao público que aí pode disfrutar de zonas ajardinadas (ainda não concluídas) para permanência de curta duração articuladas com zonas de estacionamento não massivo.
Implantação
A construção implanta-se junto ao arruamento de acesso, configurando uma frente de rua contínua, aspecto obrigatório de acordo com as indicações dos serviços técnicos urbanísticos da autarquia de Évora.

Nas faixas laterais entre a construção e os lotes a Norte e a Sul desenvolve-se a circulação de acesso ao interior do terreno para estacionamento e acesso de ambulâncias. No espaço entre a construção e os lotes a Poente desenvolve-se o estacionamento com sombreamento através de árvores a plantar e circuitos pedonais que permitem o acesso ao edifício.

Estas áreas foram estruturadas e integradas com o edifício através de um projecto de arranjos exteriores, que contempla igualmente uma proposta de arranjo paisagístico através da plantação de espécies de arbustos e árvores.

O projecto baseia-se no programa funcional fornecido pelo promotor proporcionando-se uma articulação dos espaços simples e funcional e uma composição arquitectónica que resulta da organização interna dos espaços.

Tratando-se de um edifício isolado no terreno, foi possível obter as melhores exposições solares, estando as aberturas para o exterior dimensionadas de forma a conseguir um equilibrio térmico da construção. Este aspecto é melhorado através de um recuo da fachada relativamente às lajes de 0,8m na fachada Nascente e 1,2m nas restantes fachadas.

Assim é possível obter um sombreamento longitudinal, em especial na época do verão onde os ângulos máximos de incidência solar variam entre os 50º e 75º, conseguindo superfícies sombreadas entre 0,95m e 3,00m no quadrante Nascente e entre 1,45m e a totalidade da parede no quadrante Poente.

Os vão exteriores são criteriosamente implantados com três dimensões diferentes de modo a originar ritmos aparentemente aleatórios que sugerem um movimento na leitura da fachada.

O edifício desenvolve-se numa planta em forma de “L” formando dois blocos unidos por uma zona de acessos verticais, permanência e distribuição horizontal fazendo-se o acesso ao edifício ao nível do piso 0.

Assim, acede-se ao átrio principal com entradas pelo arruamento principal e também pela zona tardoz junto ao estacionamento sendo nesta que se processa a entrada e saída de pacientes transportados em ambulância.

O átrio principal funciona também como zona de espera e permanência. Desta forma a abertura de vãos e o consequente contacto com o exterior foi particularmente tido em conta. Dois grandes vãos envidraçados ligam esta zona de permanência para os dois lados do edifício, podendo contemplar-se a partir daqui a extensa planície no sentido Nascente e o histórico Aqueduto da Água da Prata no sentido Poente.

A partir do átrio principal pode-se aceder à Unidade de Saúde Familiar num bloco ou à zona de apoio e Unidade de Saúde Infantil no outro bloco. É neste átrio que se localizam os principais acessos verticais do edifício (escada e elevador monta-macas) que permitem o acesso ao piso 1, onde, se localiza outra Unidade de Saúde Familiar num bloco e a Unidade de Cuidados da Comunidade e Unidade de Diagnóstico Pneumulógico no outro bloco.

Nas paredes exteriores, revestidas a reboco monomassa na cor cinza, pretendeu-se uma cor sóbria que conceptualmente se inspira nos típicos socos e guarnecimentos eborenses caiados entre outras cores, no cinzento aqui escolhido.

Esta cor neutra serve de base à abertura aparentemente aleatória dos vãos exteriores.As cores da paisagem alentejana surgem no interior do edifício nas diversas zonas de atendimento e espera, o que torna fácil e clara a sua identificação.

Encontramos, assim, o grená dos campos lavrados, o verde e o ocre das cearas na primavera e no verão, e o azul do imenso céu das planícies.


Arranjos exteriores

Os espaços exteriores do Centro de Saúde foram concebidos para que os utentes e profissionais não tivessem que percorrer grandes distâncias permitindo o acesso fácil (pedonal e viário) às diferentes áreas. Com a disposição dos percursos, estacionamentos e zonas de permanência, pretendeu-se estabelecer um contacto directo e visual entre o interior do edifício e o exterior. Evitando-se um estacionamento massivo, conceberam-se espaços abertos nas proximidades da entrada principal do edifício, no topo Norte e nas zonas de estacionamento no interior do lote, os quais podem ser utilizados como percursos de acesso aos automóveis bem como pontos de estadia exterior, estabelecendo assim um espaço público que se relaciona com o interior, usufruível e que promove a sociabilidade.

Características construtivas

A estrutura do edifício é em betão armado, concebida como uma rede tridimensional de vigas e pilares em betão armado, nos quais apoiam lajes do tipo funjiforme maciço.As paredes exteriores são de alvenaria de tijolo revestidas a reboco monomassa, ao passo que as interiores são em estrutura de perfis de aço galvanizado revestida por painéis de gesso cartonado barrados e pintados.

Por não terem funções estruturais, as paredes interiores foram concebidas para assegurar as compartimentações e as exigências funcionais específicas dos espaços que delimitam, incluindo o conforto e a segurança.


Este aspecto facilita uma futura adaptação da compartimentação do edifício a novas exigências do actual uso, ou a uma mais significativa alteração de uso.

Nos átrios e zonas de espera aplicou-se um pavimento nobre em pedra mármore cinza escuro da região, nas salas e corredores aplicou-se um pavimento vinílico e nas zonas húmidas aplicou-se um pavimento de grês porcelânico.

As coberturas são inclinadas, com painéis de chapa metálica tipo “sanduiche” com isolamento térmico incluído e com cor cinza claro , aplicados sobre uma estrutura metálica leve apoiada na laje de betão do último piso.Ficha de Identificação


Local - Estrada Municipal 527, Horta do Poço Novo, Évora

Promotor - Administração Regional de Saúde do Alentejo

Ficalização

Departamento de Instalações e Equipamentos da Administração Regional de Saude do Alentejo

Execução da obra
- Outubro de 2007 a Dezembro de 2008

Autores Arquitectura

Ricardo Stubner Honrado Lucas, Évora 1976, OA 9409
João Afonso Modas, Évora 1977, OA 1216

Colaboradores arquitectura

Ana Rita Marques, arquitecta
Silvia Merca, arquitecta
Joana Pires, arquitecta paisagista (arranjos exteriores)

Colaboradores grafismo
Francisco Alves, est. Arquitectura
Sérgio Vieira, est. Artes plásticas

Autores Especialidades
Fundações e Estruturas
Alexandre Carriço, engenheiro civil

Segurança contra Incêndios - Nuno Vargas, engenheiro civil

Drenagem de esgotos; Abastecimento de água; Infaestruturas eléctricas e ITED

Departamento de Instalações e Equipamentos da Administração Regional de Saude do Alentejo



Material gentilmente cedido por:


João Modas + Ricardo Lucas | arquitectos

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