Entre 163 equipas de 25 países foi o arquitecto paisagista português João Ferreira Nunes, que coordena o atelier PROAP, quem venceu o concurso de ideias para o parque urbano da área florestal de Valdebebas, e que será o maior de Madrid.
Apoiado pelos paisagistas espanhóis Bet Figuera e o atelier Opera, João Ferreira Nunes irá intervir numa área de aproximadamente 80 hectares, correspondente à expansão urbana a norte de Madrid, promovida pela municipalidade da capital espanhola.
A equipa intitulou de "Sol y Sombra" a sua proposta, uma vez que, refere, "representa um dos temas do parque, um tema que nos fala dos contrastes do lugar, e que o parque interpreta através das cumplicidades estabelecidas entre as grandes áreas de clareira e as zonas de bosque, entre os taludes densamente revestidos e o desafogo da linha de cumeeira, através das superfícies de água e das suas vibrações e através da plasticidade das estruturas inertes do parque, muros maciços brancos e lisos, que constituem represas que limitam pavimentos, que suportam terras, que albergam funções, como muros habitacionais".
Do ponto de vista da organização do espaço, serão intercaladas zonas de clareira e zonas de bosque, a forma mais tradicional da paisagem europeia, reproduzida aliás em parques notáveis, como o da Fundação Calouste Gulben- kian.
Este padrão de cheio e vazio terá diversos momentos e formas: junto à malha urbana madrilena já existente, o bosque será pouco denso e o destaque pertencerá às clareiras. Na transição para as futuras habitações da expansão da cidade por Valdebebas, o tema será tratado de forma mais urbana, com recurso a muros, passeios e zonas de recolha de águas pluviais que darão origem a pequenos lagos.
Um antigo caminho, que foi utilizado para transporte de animais neste pedaço de Madrid, voltará a ganhar vida, integrando-se num troço do parque, em forma de folha de árvore, que incorporará as zonas de bosque mais densas de toda a área tratada pelo urbanista português e sua equipa. À semelhança de uma folha, este excerto do parque será dividido a meio por uma nervura, correspondendo a uma linha de cumeada que servirá, também, de miradouro.
Finalmente, e aproveitado a topografia e movimento natural das águas no terreno, serão criadas zonas húmidas, como lagoas, que culminarão numa praia artificial. Este grande momento de toda a intervenção terá características de veraneio e lazer. Sobre a água nascerá um anfiteatro e, nas cercanias, um centro de informação ambiental, restaurantes, cafetarias e praças.
Consciente da cultura urbana das grandes cidades e de Madrid em particular, João Ferreira Nunes entende que o tema "Sol Y Sombra", que motivou o projecto, também se estenda às intervenção dos utentes do parque. Assim, adivinha para os seus "muros brancos, onde se desenham sombras," um futuro em que "se desenham também graffiti, signos e mensagens, retirados ano após ano e transformados em frutos do parque, para darem lugar, uma vez mais, ao branco...
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