terça-feira, 2 de outubro de 2012

A arquitectura e o design estão a reinventar a cortiça portuguesa


 
Pavilhão de Portugal - Expo 2010 Xangai

Não se pode dizer que o mundo da arquitectura e do design tenha descoberto agora a cortiça portuguesa porque não seria verdade. Basta para isso lembrar o sucesso do Pavilhão de Portugal na Expo 2010, em Xangai, todo revestido a cortiça, ou os produtos portugueses que há muito chegaram à loja do MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Mas se em 2010 a cortiça era especialmente usada por portugueses, em 2012 parece ser a aposta de artistas e arquitectos de todo o mundo.
Depois de ter sido o material escolhido pela dupla de arquitectos Herzog & de Meuron com o artista Ai Weiwei para o pavilhão de Verão deste ano da Serpentine Gallery, em Londres, e de ter sido o motivo de um concurso de design do Vitra Design Museum, não será de estranhar se a partir de agora começarmos a ver a cortiça cada vez mais associada a projectos internacionais. 
Com esta aposta surgem novas aplicações do material. Começou como uma tendência para as peças de mobiliário e decoração, como mesas, cómodas e cadeiras, mas hoje já tudo, ou quase tudo, é possível. Candeeiros, roupa e calçado, acessórios de moda como colares, pulseiras e cintos, auscultadores e colunas, malas, guarda-chuvas, cadernos. A lista do que já existe é longa mas a das possibilidades parece ser ainda maior, como se comprovou no concurso de Verão do museu alemão Vitra Design Museum que, em parceria com o Domaine de Boisbuchet e a Corticeira Amorim (CA), desafiou jovens designers de todo o mundo a conceberem novas aplicações de cortiça. A resposta foi massiva e das 367 propostas destacou-se a de Ana Loskiewicz, designer polaca que venceu o concurso com uma colmeia de cortiça pensada para os grandes centros urbanos.
"Fiquei surpreendida com as possibilidades da cortiça, que além de ser um material realmente bonito é muito fácil de trabalhar", diz ao PÚBLICO a jovem polaca, que venceu o prémio no valor de dez mil euros e que ajudará a tornar a sua ideia num projecto comercializável. "Este é um projecto complicado, ainda é preciso fazer alguns testes, perceber como se dão as abelhas com esta colmeia, e provavelmente fazer algumas melhorias, mas é claro que o objectivo é que seja produzido em grande escala", explica a designer, que quer continuar a trabalhar com a cortiça. "É incrível como quase não há desperdício no processo de produção, além de ser um material que mostra como as pessoas podem usar a natureza de uma forma equilibrada e sustentável."
A sustentabilidade é, aliás, o argumento mais utilizado por Carlos Jesus, director de Marketing e Comunicação da CA e membro do júri que premiou Ana Loskiewicz. "A cortiça tem algo que o design e a arquitectura precisam, é um produto inovador que comporta sustentabilidade para as obras dos seus criadores e é por isso que vamos ver cada vez mais projectos com este material", diz ao PÚBLICO Carlos Jesus, que garante que "isto não é uma questão de moda". "É resultado de um longo trabalho de educação", explica, defendendo que num momento em que a preocupação ambiental é cada vez mais importante, a escolha dos materiais tem de ser mais cuidada.
Projectos de todo o mundo
É por isso que, diz, concursos como o que do Vitra Design Museum são uma montra de possibilidades, uma prova de como a arte se consegue tão bem reinventar. "O que vimos por lá foi incrível, não foi fácil decidir porque tivemos propostas de todos os tipos, o que dá uma ideia da abrangência da cortiça, da diversidade de mercados que pode atingir", conta Carlos Jesus. 
Essa abrangência é notória nas menções honrosas: uns headphones, uma geleira, uma tomada eléctrica, uma linha de cadeiras, e tecido de cortiça. "E mais poderiam estar nesta lista, a verdade é que estamos a olhar para vários projectos que vimos neste concurso e que têm muito potencial", revela o responsável, explicando que algumas das ideias estão a ser estudadas para chegarem ao mercado nos próximos tempos. "Pela sua qualidade e interesse, alguns projectos vão ser comercializados porque há de certeza mercado para isso", garante. 
Mas para Carlos Jesus o mais surpreendente do concurso foi mesmo a quantidade de candidaturas de países tão distintos como o Irão, o Japão, a Nova Zelândia, o Brasil, a Grécia ou os Estados Unidos. Portugal foi dos países com mais propostas, ao lado de Espanha. "Isto demonstra o potencial e o interesse dos artistas pela cortiça, é que mesmo aqueles que não têm uma tradição com este material conseguiram agarrá-lo."
Não será, no entanto, por acaso que nos últimos tempos a cortiça se tornou a nova coqueluche da arte. Quando, em 2010, Xangai recebeu a Expo, o Pavilhão de Portugal foi um dos que mais deu que falar. O motivo? A sua arquitectura e o material usado. "O pavilhão, todo revestido com cortiça, foi um dos mais visitados e acabou premiado, e convenhamos que numa Expo como aquela Portugal não era o destaque", diz Carlos Jesus, lembrando que os visitantes chegavam até a tirar pedaços do edifício como recordação. 
"Será por acaso que dois anos depois do sucesso na China, um artista chinês [Ai Weiwei] escolheu a cortiça para o seu projecto na Serpentine? É coincidência? Nunca saberemos, porque este é um impacto difícil de medir, mas a verdade é que estamos a crescer", assegura. Esta utilidade da cortiça não foi descoberta agora. O que está a acontecer, diz, é que a estamos a descobrir novamente. "Estamos a recuperar algo que Frank Loyd Wright já utilizava nos anos 1930. Parece é que depois o mundo se esqueceu e a modernidade passou a ser o plástico. Felizmente, estamos a voltar para a cortiça e a renovar a sua utilidade."
Carlos Jesus garante que também não é por acaso que a Corticeira Amorim tem apoiado todas estas iniciativas, assumindo que a empresa quer estar do lado do design e da arquitectura. "São duas áreas muito importantes para nós e nas quais queremos continuar a apostar."
É, por isso, provável que mais projectos sejam anunciados em breve. "Há uma série de projectos com designers e arquitectos de renome internacional em que estamos a trabalhar."

Lisboa abre mais de 50 espaços a visitas gratuitas em fim-de-semana Open House

Organizada pela Trienal de Arquitectura, a Lisboa Open House realiza-se nos dias 6 e 7 de Outubro e permitirá visitar grauitamente mais de 50 espaços “de valor arquitectónico ou cultural inquestionável”.
"Quantos de nós param para olhar o festim que é a arquitectura lisboeta? Mesmo se entrarmos num grande edifício público, sabemos qual o factor intrínseco que o torna especial?"
A questão, em forma de convite ao aprofundamento e visita, é levantada por Herbert Wright, consultor curatorial da Lisboa Open House, um envento que se realiza pela primeira vez na capital numa organização da Trienal de Arquitectura de Lisboa -  cuja terceira edição decorre em Dezembro de 2013. Criada em Londres em 1992, a iniciativa, sem fins lucrativos, informa a organização, "guia-se por princípios simples mas desafiantes: mostrar arquitectura de excelência ao público em geral, suscitando e estimulando o interesse no património edificado".
É assim que, nos dias 6 e 7 de Outubro (sábado e domingo), mais de 50 espaços únicos da cidade se abrem a visitas gratuitas. Entre eles, o  Palácio Sinel de Cordes, o Supremo Tribunal de Justiça, a Casa da Moeda, o Cinema São Jorge, o antigo Hotel Vitória, a nova sede da RTP, a Fundação Champalimaud, a escola secundária José Gomes Ferreira, o Aqueduto das Águas Livres ou mesmo um apartamento em Telheiras. 
"Na estreia deste evento, Lisboa vai revelar um conjunto de edifícios, tanto clássicos como contemporâneos. De valor arquitectónico ou cultural inquestionável, esta primeira selecção compreende uma diversificada lista de património edificado com diferentes tipologias", de "casas particulares a infra-estruturas ou monumentos nacionais", referem em comunicado.  
A organização criou um guia de bolso, também acessível online, onde constam todos os espaços a visitar
Lisboa passa assim a integrar a rede Open House, de que fazem parte cidades como Londres (Inglaterra), Dublin (Irlanda), Telavive (Israel), Melbourne (Austrália), Barcelona (Espanha), Roma (Itália) ou Nova Iorque e Chicago (EUA).

Lisboa Open House - A visitar


ANTIGO HOTEL VITÓRIA
APARTAMENTO EM TELHEIRAS
AQUEDUTO DAS ÁGUAS LIVRES
ATELIER FRANCISCO AIRES MATEUS
AUTO PALACE
BAIRRO DA MOURARIA
BAIRRO DE ALVALADE
BANHOS DE S. PAULO - SEDE NACIONAL DA ORDEM DOS ARQUITECTOS
BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL
BLOCO DAS ÁGUAS LIVRES
CAIS DA PEDRA
CASA DA MOEDA
CASA GUSTAVO DE MATOS SEQUEIRA
CASA SOFIA E MANUEL AIRES MATEUS
CENTRO DE COMANDO OPERACIONAL DE LISBOA
CENTRO DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO JACOB RODRIGUES PEREIRA
CINEMA S. JORGE
COMANDO METROPOLITANO DE LISBOA E MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA
COMPLEXO DAS AMOREIRAS
EDIFÍCIO LIBERTY SEGUROS
ESCOLA EB1 DO BAIRRO DE S. MIGUEL
ESCOLA SECUNDÁRIA D. DINIS
ESCOLA SECUNDÁRIA JOSÉ GOMES FERREIRA
ESTAÇÃO DE METRO BAIXA-CHIADO
ETAR DE ALCÂNTARA
FUNDAÇÃO CENTRO CULTURAL DE BELÉM
FUNDAÇÃO CHAMPALIMAUD - CHAMPALIMAUD CENTRE FOR THE UNKNOWN
HOTEL RITZ
IGREJA DE FÁTIMA
IGREJA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
JARDIM BOTÂNICO - UNIVERSIDADE DE LISBOA
MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS
MUSEU BORDALO PINHEIRO
MUSEU DA ELECTRICIDADE - CENTRAL TEJO
MUSEU DE MARINHA
MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA NATURAL E DA CIÊNCIA - UNIVERSIDADE DE LISBOA
NOVA SEDE DA RTP
NÚCLEO ARQUEOLÓGICO DO CASTELO DE S. JORGE
OBSERVATÓRIO ASTRONÓMICO DE LISBOA, UNIVERSIDADE DE LISBOA
PAÇO DA RAINHA
PALÁCIO DO LORETO
PALÁCIO MENINO DE OURO (BRITISH COUNCIL)
PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA
PALÁCIO SINEL DE CORDES
PIZZERIA CASANOVA
REITORIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
RESERVATÓRIO DA MÃE D'ÁGUA DAS AMOREIRAS
SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
SEDE SOCIAL DO METROPOLITANO DE LISBOA
SEDE, MUSEU E CENTRO DE ARTE MODERNA DA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN
SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
TEATRO NACIONAL D. MARIA II
TEATRO THALIA
TERMINAL FLUVIAL - INTERFACE DO TERREIRO DO PAÇO

CCB de portas abertas ao público

Integrado na iniciativa Open House, da Trienal de Arquitectura de Lisboa, o Centro Cultural de Lisboa abre as portas ao público no próximo sábado para mostrar o edificio desenhado pelos arquitectos Vittorio Gregotti e Manuel Salgado.








A iniciativa decorre em vários outros espaço da cidade durante todo o fim-de-semana e dá acesso livre a cerca de 50 edifícios.
Entre eles estão a Fundação Champalimaud, a sede da RTP e o CCB. Este último organiza também visitas guiadas, para uma explicação do espaço mais orientada, no sábado, dia 6, entre as 15h00 e as 17h00.
Cada visita poderá ser acompanhada por 25 pessoas e as inscrições, na recepção do edifício, fazem-se por ordem de chegada. 

Fonte:  http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/lazer/cultura/ccb-de-portas-abertas-ao-publico

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Em construção o primeiro Bosque Vertical / Boeri Studio



"Bosco Verticales" de Boeri Studio é um edifício de alta densidade que experimenta com a integração da paisagem com a fachada arquitetônica. As duas torres se encontram atualmente em construção em Milão, lidando com o conceito de recuperar a paisagem perdida pela cidade junto com melhorar a habitabilidade dos edifícios atuais.

Ésta mesmo em construção !!!!!

Imagem 3D 

Ambas as torres, de 80 e 112 metros de altura terão uma capacidade de 480 árvores médias e grandes, 250 pequenas, 16.000 plantas e arbustos; o equivalente a um hectare de bosque.
As plantas crescem na fachada, assim como o fazem em um ambiente natural.

Elas atuam de maneira similar como ocorreria em uma ‘fachada inteligente’, filtram a poeira do ar, absorvem o dióxido de carbono e liberam oxigênio ao exterior, enquanto dão sombra e um microclima que refresca os meses de verão.

Esta ‘recolonização’ urbana com espécies biológicas, além de gerar maior biodiversidade, cria um ambiente seguro para animais que encontram nestas espécies refugio e alimento. Isto leva vida à cidade, vida tipicamente exclusiva de parques e jardins. Além disso, Bosco Verticales contribuiria à mitigação de gases tóxicos, purificando o ar atmosférico.

A seleção de plantas e a distribuição das mesmas se realizaram com extrema minuciosidade, de maneira a aproveitar ao máximo o sistema de irrigação.

 A forma dos edifícios foi escolhida para ajudar a prevenir a expansão urbana, proporcionando aos residentes uma paisagem privada dentro de seus apartamentos e oferecendo as mesmas vantagens de viver em uma cidade. A proposta é o equivalente de 50.000 metros quadrados de bosque e casas de família em um entorno de expansão.


 





 Arquitetos: Boeri Studio | Ano: 2008 | Tipo: Habitacional | Operação: Construção